quarta-feira, 29 de julho de 2009

Chicletes de morango

Quando era criança, na minha época, chicletes eram novidades. Entre as guloseimas que a gente disputava nos centavos que ganhávamos, uma delas era esse apreciado objeto retangular embrulhado num papel que sempre estava agarrado no chicletes de tal maneira que a gente gastava um bocado de tempo para conseguir tirá-l0 de lá. Quando enfim conseguíamos, era lançado na boca com a mesma avidez com que se corria à quitanda para adquiri-lo. Era uma festa. Os chicletes de morango eram os mais cobiçados e procurados.
Eram os mais saborosos. A gente mastigava aquilo por horas. A cor vermelha do chicletes já estava esbranquecida. A goma ia e vinha de um lado a outro da boca completamente sem gosto algum, mas cuspi-lo fora? Nem pensar! Ficávamos ali mascando, tentando fazer bolas, e quando conseguíamos, ela explodia no nosso rosto. Grudava, muitas vezes, até na ponta do cabelo da testa. Tirávamos a goma da boca com a mão suja de terra, limpávamos o rosto com aquilo e depois jogávamos fora? O quê???? Jogar fora???? Nunca!!!! Voltávamos com o chiclete recuperado para dentro da boca. Agora com sabor terra e suor. Era uma festa!!!! Nossa mãe é que não podia ver aquilo, senão o beliscão comia solto e o vergão no braço a marca de uma semana. Mas valia a pena!!!! Ah como valia a pena correr aquele risco.
Correr riscos, muitas vezes, é a nossa necessidade diária. Hoje, corremos riscos por qualquer coisa. Corremos riscos quando apertamos as mãos de alguém. Ou quando atendemos o telefone. Ou quando temos que tomar decisões, mesmo que nem tão sérias assim. Quando decidimos comer com as mãos sem lavá-las ou até mesmo tomar um copo com água sem que estivesse filtrada.
Corremos riscos quando vamos viajar. Será que vamos voltar? Riscos quando saímos para o trabalho. Será que voltamos? Todos os dias temos riscos para enfrentar. Seja um simples chicletes a ser degustado à uma decisão importante que poderá mudar todo o curso de nossa vida.
É por isso que quando olho para trás e me vejo criança, é que penso: "Como eram importantes aqueles anos, onde tomávamos decisões sem pestanejar, só para ter o prazer de fazer aquilo que mais gostava". Hoje, depois de adulto, fico pensando se lavo ou não as mãos. Como era bom mascar chicletes de morango.
Hoje, você teria coragem de tomar decisões como uma criança? Sem medo de ser feliz?

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